O rosto é desconhecido mas, ainda assim, centenas de jovens formaram grandes filas para conseguir um autógrafo de Fábio Lucindo durante um evento de cultura pop japonesa realizado em Santos, no litoral de São Paulo. Apesar do semblante comum, Fábio dá voz ao personagem principal de um dos animes mais conhecidos do Brasil.
Fábio Lucindo é dublador de Ash, um garoto de 10 anos que é o treinador principal de Pokémon, fenômeno japonês que conquistou fãs no Brasil há cerca de 10 anos. Embora tímido e discreto, o dublador é a inspiração de muitos garotos e garotas, que veem nele a ligação entre o personagem e a vida real.
No evento realizado em Santos no último fim de semana, o dublador deu uma palestra falando sobre a carreira e fazendo imitações sobre personagens que já cedeu sua voz. Em uma mesa para autógrafos ele recebeu centenas de jovens que levaram desenhos, livros e gibis para serem assinados.
Aos 29 anos, ele trabalha com dublagem há 17, sendo 14 anos dedicados ao personagem Ash, que é uma criança. “Eu acabei desenvolvendo uma técnica natural, não me preocupei muito com a voz. Porque quando eu tinha uns 14, 15 anos eu gravava com a minha voz normal. Por ser desenho eu não precisava forçar tanto. Mas quando vinham os outros anos da série eu ouvia referência do ano anterior e tentava me aproximar o máximo possível. Nesse processo eu acabei desenvolvendo esse timbre para o Ash, que eu acabo até usando para outros personagens também, mas que eu consigo fazer bem até hoje”, explica Fábio.
Fábio diz que ás vezes acaba pegando um pouco da personalidade dos personagens, principalmente quando está em eventos que reúnem fãs dos desenhos. Ele ainda revela os personagens que é fã e que gostaria de dublar. “Sou fã de Bart Simpson, dos Simpsons, e do Ikki, de Fênix, do Cavaleiro dos Zodíacos”, afirma Fábio.O ator já fez a dublagem para diversos personagens. Foram cerca de 20 só em desenhos japoneses, além de filmes e seriados. Ele revela quais que ele sente mais carinho. “Eu gosto muito do Ash porque é a relação mais longa. Já tivemos momentos de amor e ódio. Gosto muito do Arnold, do Hey Arnold. Tem um personagem que chama Dr. Frog, do desenho Liga dos Supermalvados, que eu acho muito bacana. E um desenho que vai estrear que chama Robô e Monstro, eu faço um robô que eu acho muito legal também”, diz.
Em relação ao assédio de fãs, Fábio diz que ainda estranha um pouco. “É engraçado porque é um movimento que a gente viu nascer. Quando eu comecei a dublar não tinha. Aí por causa dos desenhos japoneses, essa organização dos eventos japoneses, que é uma coisa de 10 anos para cá, nós vimos isso se desenvolvendo. Até então o dublador era bem desconhecido, era uma profissão meio anônima. Mas através de redes sociais a gente mantém um contato. Sempre que posso vou nesses eventos para ter esse contato, para conhecer as pessoas. É muito legal. Eu acho incrível. Eu não tenho uma relação muito escancarada, não sou um cara que me dedico muito a isso, não tenho uma foto minha assinada que eu distribuo nas ruas”, brinca.
Além de ser ídolo, Fábio Lucindo também demonstra ser fã de alguns profissionais. “Eu tenho referências, como Armando Tiraboschi, que eu acho que trabalha muito bem. Da minha faixa assim, os caras que admiro o trabalho é o Wendel Bezerra, que dubla Bob Esponja, o Rodrigo Andreatto, Wagner Fagundes, Yuri Chesman, para mim são os caras. E de mulheres Cecilia Lemes, que dubla a Chiquinha, Fernanda Bullar, Adriana Pisardini são pessoas que eu admiro tanto a postura profissional quanto o trabalho executado em estúdio”, afirma.
Para quem tem vontade de fazer dublagens, Fábio Lucindo dá algumas dicas. “Se for maior de 18 anos o requisito basicamente é ser ator, ter DRT. se for menor nem isso precisa. Mas eu acho que como técnica específica para dublagem é necessário ter uma leitura muito boa, ter compreensão de texto, assistir uma cena e entender o que aquilo está falando. Porque às vezes você não precisa dizer literalmente o que o cara falou no original, você pode adaptar e fazer de uma forma mais coloquial. É importante ler e ter cultura geral, porque você vai pegar cada dia uma coisa diferente. Tem que ter um conteúdo para não estar perdido lá no estúdio”, finaliza Fábio.
Centenas de jovens esperam para encontrar o ídolo (Foto: Anna Gabriela Ribeiro/G1)Fonte:http://g1.globo.com
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